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Entrevista com Marcelo Zlochevsky gerente da Rain Bird Brasil sobre o uso inteligente da água

Entrevista com Marcelo Zlochevsky gerente da Rain Bird Brasil sobre o uso inteligente da água


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1. Fale um pouco sobre sua trajetória e experiência na Rain Bird

Minha trajetória na Rain Bird começou em março de 2013, como Gerente de Área para as regiões Centro Oeste e Minas Gerais e como Gerente de Marketing. Posteriormente, ganhando experiencia em irrigação de paisagismo, que é conceitualmente diferente da irrigação agrícola que eu conhecia bem, assumi a função de Gerente Regional e em seguida Gerente Nacional de Paisagismo e Agricultura. Hoje ocupo a posição de Gerente Geral, abrangendo todas as áreas de vendas, técnicas e administrativas. 

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Estes 5 anos na Rain Bird foram os mais intensos em toda minha carreira em termos de aprendizado e de novas experiencias. Meu primeiro treinamento com produtos Rain Bird foi em 2013, de forma inédita. Sentado na arquibancada do Maracanã em construção para a Copa, quando de repente a irrigação do novo gramado que estava sendo instalada foi ligada pela primeira vez. Pisar no manto sagrado do Maracanã e fazer parte deste momento ilustra o que tem sido estes 5 anos.

2. Qual a situação dos recursos hídricos no nosso planeta?

Temos uma quantidade de água disponível no planeta Terra definida e limitada, e com esta quantidade temos que suprir a demanda dos segmentos agrícola, industrial e municipal. Não temos como fabricar mais água e temos ainda que atender ao crescimento da população, previsto para chegar a 9 bilhões de bocas até 2030. 97% da água do planeta está nos oceanos, 2% está nas geleiras dos polos e apenas 1% é água doce. Além disso temos que considerar que grande parte desta água está longe dos centros populacionais.

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No Brasil por exemplo, que tem 12% da água doce do mundo, 80% está nas bacias da região amazônica onde temos apenas 5% da população. Novas tecnologias de dessalinização da água a custos compatíveis já estão surgindo. Em Israel já conseguem atender a  100% da sua demanda com água extraída do Mar Mediterrâneo e do reuso de esgoto e dejetos. Enquanto isso não se tornar uma realidade global, temos que aprimorar o uso inteligente da água, mas sem excluir o verde a nossa volta.

3. Quais os maiores desafios que devem ser enfrentados e como?

A conscientização é sempre o maior dos desafios, não só em relação a água. Conceitos de sustentabilidade já fazem parte da rotina de muitos, mas ainda há muito por fazer. Varrer calçadas com água, molhar jardins com caminhões pipa, cimentar as raízes das árvores nas calçadas, desmatar de forma desordenada e irresponsável, poluir o meio ambiente, despejar esgotos nos rios, são todas práticas que já deveriam estar extintas. Está comprovado que vegetação farta atrai chuva e que erradicando o verde atraímos seca. Os conceitos de Sustentabilidade devem estar presentes; a Habilidade de Sustentar e entregar a próxima geração um ambiente melhor.

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Hoje sabemos armazenar água da chuva e reciclar água. A irrigação inteligente do paisagismo é sem dúvida uma das boas soluções para o uso inteligente desta água de reuso e da coleta de chuva a um custo baixo, liberando água potável para consumo humano. Preservando o verde melhoramos a qualidade de vida, combatemos a desertificação, reduzimos as enchentes melhorando a infiltração da água no solo, despoluímos o ar e agregamos conforto térmico. Apenas benefícios sem nenhuma contraindicação.

4. Os principais centros urbanos são caracterizados pela grande impermeabilização do solo. Qual a contribuição do paisagismo e como ele auxilia na questão hídrica?

A grande maioria das cidades tem pouco ou quase nenhuma superfície para infiltração da água no solo. Cimentamos e concretamos as vias naturais de infiltração da água e reabastecimento dos aquíferos. Até as árvores estão sendo cimentadas nas calçadas (talvez para que não fujam), o que só piora a situação. Somada a poda errada em torno da fiação elétrica, temos a receita ideal para a queda de árvores nas grandes chuvas. O paisagismo ordenado permite a drenagem e infiltração da água, combate erosão, realimentando os aquíferos em vez dos grandes estragos que temos notado. Logo em breve teremos que reviver a história de Noé e sua arca.

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5. Como buscar alternativas tecnológicas para o uso racional da água na irrigação do espaços? Fale sobre os métodos e processos.

A irrigação por gotejamento enterrado é sem dúvida a tecnologia mais vançada e importante para reduzir as perdas e os desperdícios. Reduzimos a evaporação, crescemos a eficiência de aplicação em pelo menos 40 a 50%, eliminamos as perdas por escoamento superficial e ainda de quebra permitimos o uso de águas secundárias que possam impactar pelo odor se fossem pulverizadas. Os diversos acessórios para automação da irrigação são de grande contribuição. Estudos na Florida comprovaram que o uso de controladores temporizadores, sensores de chuva e sensores de umidade de solo pode reduzir até 70% da quantidade de água usada na irrigação de paisagismo.

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Hoje sabemos também controlar a irrigação via internet, usando tablets e smartphones, que linkados a estações meteorológicas regionais, corrigem diariamente o tempo de irrigação pela variação da temperatura em relação a média histórica. Em certos casos podemos instalar estações meteorológicas locais, que repõem diariamente apenas o que evaporou nas ultimas horas.

6. Quais são as soluções mais adequadas à utilização da água de reuso?

A irrigação de paisagismo aceita o uso da água de reuso a um custo bastante racional. Um tratamento de baixo custo, filtragem eficiente, oferecem a melhor e mais racional solução para o reuso de água sem correr muitos riscos de contaminação, poluição ambiental, riscos de doenças e outros mais. O solo e a planta sabem conviver com água de reuso; o consumo humano é mais complexo e exige mais cuidados e de custo maior.

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7. Nos empreendimentos sustentáveis, quais as orientações devem ser seguidas para o melhor aproveitamento do recurso hídrico?

Em primeiro lugar devemos estar atentos ao objetivo principal do uso racional e inteligente da água em prol de “aumentar o verde a nossa volta” e não o reduzir, o que traz sempre mais desertificação. Em segundo lugar devemos dimensionar o paisagismo adequado a cada ambiente. Palmeiras lindas e decorativas não servem para vias públicas, proporcionam pouca sombra e exigem manutenção específica. A vegetação do cerrado é adequada as regiões onde é nativo e não as regiões litorâneas e vice-versa. Cada região tem a sua vegetação característica e os lindo Cedros do Líbano provavelmente não se darão bem nas regiões tropicais.

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Em terceiro lugar, a seleção dos equipamentos adequados a cada tipo de paisagismo, a observação ao projeto ajustado e a consideração às condições climáticas locais devem estar em primeiro plano. Em quarto lugar, temos hoje muitos recursos de controle automatizado da irrigação a um custo bastante atrativo para otimizar a quantidade de água aplicada conforme o tipo de vegetação, a densidade de plantio, a idade e porte das plantas e conforme a época do ano. Por fim, o manejo errado da irrigação ainda é a maior fonte de desperdício de água no paisagismo; ajustar a lâmina d´água certa é sem dúvida uma grande oportunidade para reduzir a conta de água.

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Alguns órgãos certificadores oferecem pontuação especial quando usado o gotejamento enterrado, o controle automatizado e quando a eficiência de aplicação de água for superior a 70%. Por exemplo a escala LEED, oferece 4 pontos se contempladas estas práticas.

Marcelo Zlochevsky

Gerente Geral

Rain Bird Brasil

www.rainbird.com.br