A importância da integração das construções com a natureza

A importância da integração das construções com a natureza


Imagem 1 texto A importancia da integração

Créditos: acervo pessoal - Parque Burle Marx, São Paulo – SP

Nota-se, atualmente, que a grande maioria dos prédios só tem jardins no Pilotis, enquanto os andares são todos, essencialmente, de concreto ou de vidro (espelhado): não há jardineiras nem áreas previstas para a colocação de plantas. E se ainda o ambiente carecer de iluminação natural, está dada uma condição anti-natureza, pois a impossibilidade de se colocar plantas nos apartamentos e salas comerciais fica dada de modo estrutural. Ou seja, o contato cotidiano com a natureza, mais diretamente, fica bastante reduzido, sendo possível somente através do acesso, do morador ou trabalhador, às áreas comuns dos prédios ou às praças e parques públicos.

Imagem 2 texto A importancia da integração

Créditos: acervo pessoal – São Paulo – SP

A cada passeio pelas ruas da cidade, percebe-se que há muitos edifícios construídos com grandes fachadas de concreto ou de vidro espelhados, com pouquíssimas áreas destinadas às plantas. Associamos, muitas vezes, esta estética arquitetônica ao progresso. Prédios com faixada inteira em concreto ou vidro, sem áreas verdes verticais, contribuindo para o aquecimento das cidades e para a formação das ilhas de calor.

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Créditos: projeto e acervo pessoal – Clínica médica – Belo Horizonte - MG

Será que a natureza é, de fato, inimiga do chamado progresso?

Muitas construtoras e investidores, ao pensarem exclusivamente nos resultados dos empreendimentos, escolhem a colocação mínima exigida de áreas verdes, pois, segundo eles, o valor do imóvel, atualmente, está mais associado ao espaço interno dos apartamentos e salas comerciais do que à presença de jardins nos mesmos. No entanto, penso que isso é um paradigma que precisamos rever, pois há muitos casos bem-sucedidos, atualmente, de construções que consideram a colocação da natureza tanto nas áreas comuns quanto nas áreas privadas. A aceitação desses projetos tem sido surpreendente, inclusive, em termos de valores, pois o próprio comprador aceita pagar mais caro por projetos que, de maneira evidenciada, proporcionarão um bem-estar físico, emocional e mental maior para os residentes ou trabalhadores, considerando que ter a natureza de maneira mais presente nos locais (incluindo as áreas privativas), comprovadamente, traz mais serenidade e tranquilidade para os moradores.

Imagem 4 texto A importancia da integração

Créditos: projeto e acervo pessoal – São Paulo - SP

É claro que a natureza não deve ser vista como uma solução para todos os problemas de saúde física e mental do ser humano, mas, sem dúvida, exerce um papel muito importante para a redução do estresse, da ansiedade e da incidência de depressão. Segundo a neurocientista Elisa Kosaka, do Hospital Albert Einstein, em entrevista dada à revista Veja, as pesquisas recentes demonstram que estar em contato direto com as plantas (e a natureza) pode realmente melhorar aspectos de nossa saúde, principalmente a mental. Em um mundo onde os diagnósticos de depressão devem crescer a altas taxas nos próximos anos, segundo a OMS, criar ambientes favoráveis aos moradores e trabalhadores, onde a presença da natureza ocorra de modo mais abundante, parece ser algo literalmente vital. Vida e natureza não estão separadas. 

Imagem 5 texto A importancia da integração

Créditos: projeto e acervo pessoal – São Paulo – SP

Enfim, para não me estender mais, creio que precisamos refletir mais sobre a importância de nos reintegrarmos à natureza, o que inclui a presença mais abundante de paisagismo nas casas, nos apartamentos, nos prédios comerciais, nas praças e nas cidades. É possível conciliar resultados financeiros, lucro, com a integração e expansão da natureza nos ambientes das cidades. Para isso, basta nos abrirmos para uma visão mais ampla sobre o valor (da vida).  

Rachel Castanheira

@rachelcastanheirapaisagismo

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