
Neo Tropical, uma releitura dos jardins tropicais brasileiros
Hoje, estou convicto de que este é o nosso verdadeiro estilo. Somos um “país tropical”, abençoado por Deus e bonito por natureza. Importar outra natureza, outro clima, outras plantas é quase impossível. O resultado nunca será o ideal. Sofria e sofro por pensar assim, perdia e ainda perco mercado.
Muitos querem um jardim europeu, esquecendo - como nós, profissionais, às vezes esquecemos - que aqui não tem neve, nem muito frio, e sim muita chuva. Aqui é verão o ano todo, se formos comparar com a Europa. Portanto, vamos avaliar os caminhos que temos. Se posso contribuir, digo sim, que o Neo Tropical é nosso estilo. Nosso jardim. Evitando o peso e excesso de plantas, utilizando flores perenes variadas, palmáceas, camélias, frutíferas, em lugar das coníferas, chegaríamos ao mercado com uma grande proposta. Antropofagia não é canibalismo.
Podemos importar idéias, traçados, linhas. Afinal, o berço do mundo é o Clássico. O clássico virou Neo Clássico. Neo Clássico virou Neo Tropical. Mais do que um título, nome ou batizado, á uma postura, uma conduta.
A necessidade de atender um mercado exigente, que volta de uma Europa toda florida, com seus jardins imponentes, maravilhosos e bem cuidados faz- me buscar uma solução intermediária em nossos jardins tropicais. Devemos considerar que o inverno europeu rigoroso torna obrigatória uma reforma anual nos jardins. Já no verão, onde os dias chegam a durar até 12 horas, o florescimento é intenso, compensando a rigidez do inverno.
No Brasil, o clima é extremamente favorável, e não precisamos pensar em reforma anual. Nossos jardins são perenes. Portanto, devem ser pensados e projetados para durar.
Combinando as características européias e tropicais, a proposta Neo Tropical atende à expectativa do cliente, fazendo surgir um jardim aclimatado, com baixa manutenção. As flores anuais dos jardins europeus dão lugar às flores perenes. Por outro lado, o excesso de vegetação dos jardins tropicais á substituído por arbustos com abélia, tumbergia erecta, murta, ixora e outros inúmeros.
As coníferas, como ciprestes e tuias, seriam indicadas em regiões mais frias, como Campos do Jordão, Atibaia e Itapecerica, regiões serranas e o sul do país.Caso contrário, devem ser evitadas, pois, para se desenvolver com toda a sua beleza, necessitam de temperaturas mais baixas. Em regiões quentes, definharão com o passar do tempo e terão que ser substituídas para não comprometer o visual do jardim. Nessas regiões, a proposta de substituir coníferas por palmeiras ( Trachicarpus, Neodipsis, fênix, Mascarenha, etc.), frutíferas ( Pitanga, Jabuticaba, Cítricas) ou outras espécies altas, como camélias e bambu mossô, garantem um resultado melhor aos jardineiros brasileiros.
Afinal, está na hora de o Brasil, terra de Burle Marx, ter reconhecido um trabalho no mercado internacional, que vá além da idéia de Mata Atlântica.
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