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Biofilia e Sustentabilidade: Barreiras e Oportunidades na Arquitetura Corporativa Brasileira

Biofilia e Sustentabilidade: Barreiras e Oportunidades na Arquitetura Corporativa Brasileira


 

O Brasil, apesar de sua vasta biodiversidade e histórico de profunda conexão com a natureza, tem demorado a se consolidar como referência em arquitetura sustentável e integrada ao meio ambiente, como visto em projetos globais como o Parkroyal on Pickering (Singapura) e o Bosco Verticale (Itália). O artigo questiona por que o país só viu grandes empreendimentos biofílicos, como o Complexo Cidade Matarazzo, em São Paulo, no século XXI, em vez de ser um protagonista nessa transformação. Enquanto a experimentação acadêmica propõe cidades sustentáveis, a realidade do mercado impõe desafios estruturais, econômicos e culturais. A integração da biofilia e da sustentabilidade na arquitetura corporativa enfrenta barreiras significativas, que incluem restrições orçamentárias e a falta de incentivo regulatório, tornando a transição para espaços mais conectados à natureza gradual.

Biofilia no design foto freepik

O grande desafio da arquitetura contemporânea é criar soluções relevantes que promovam o bem-estar dos trabalhadores, que passam a maior parte do tempo em ambientes fechados. Isso exige a compreensão das necessidades humanas através da neuroarquitetura, cujo estuda o impacto dos espaços no cérebro. A carência de projetos que minimizem os efeitos negativos do ambiente de trabalho pode levar a estresse e desconforto. Para combater isso, o design biofílico, que busca integrar elementos naturais (luz, água, vegetação e materiais como madeira e pedra) ao espaço construído, é a abordagem mais promissora. Esse conceito, derivado da "biophilia" (afinidade inata com a vida), melhora a qualidade dos ambientes, proporciona conforto e contrasta com a aridez dos centros urbanos.

curso de arquitetura foto freepik a

A implementação, contudo, é repleta de obstáculos. A preferência por plantas artificiais em detrimento das naturais é comum, motivada pela praticidade, mas compromete a experiência genuína da biofilia pois as versões sintéticas não oferecem os benefícios sensoriais e ambientais, como a melhoria da qualidade do ar e a regulação da umidade. Além disso, a dificuldade em integrar o design biofílico reside na falta de uma base cultural e educacional que valorize a natureza desde a infância, tornando a presença do verde um diferencial e não uma necessidade reconhecida. O resgate do design ancestral e da relação com o meio ambiente exige mais do que estética; requer uma compreensão enraizada na cultura. Se desde a infância houvesse maior contato com práticas como a jardinagem e o cultivo de plantas, a percepção sobre o valor da natureza estaria naturalmente integrada à vida cotidiana. Com uma base educacional voltada à biofilia, o entendimento sobre sua importância se tornaria um conhecimento comum.

criança praticando jardinagem foto freepik

Condições estruturais preexistentes, como a climatização artificial intensa, a baixa incidência de luz natural e layouts rígidos, limitam a inclusão de espécies vegetais. A escolha de elementos naturais é frequentemente limitada a poucas opções populares, e há um subaproveitamento da diversidade vegetal, além de um desconhecimento sobre a importância das certificações ambientais (LEED e FSC) que garantem a origem sustentável dos materiais.

Costela de Adão foto freepik

Para que a biofilia seja significativa, ela deve ser vista através de um olhar mais amplo de sustentabilidade, o que significa além da adoção das certificações que garantam a origem responsável dos elementos, a conscientização popular do potencial do Brasil no design biofílico. No entanto, o alto custo associado a essas certificações e a baixa renda de parte da população brasileira dificultam a adoção em larga escala dessas práticas.

Bosco Verticale Foto Guilherme Scarante

Apesar dos desafios, a recente recuperação da classe média brasileira, com mais de 50% da população nas classes A, B e C, pode impulsionar novas demandas por sustentabilidade e biofilia. A transformação do mercado exige, fundamentalmente, o fortalecimento da educação ambiental e a ampliação do conhecimento sobre as diretrizes sustentáveis. O potencial do Brasil para concretizar sonhos sustentáveis é vasto, mas requer conhecimento, incentivos e uma abordagem inovadora na relação entre o espaço construído e a natureza.

Cidade Matarazzo Foto Aida Lima 2

GuilhermeResumo do Artigo "Biofilia e Sustentabilidade: Barreiras e Oportunidades na Arquitetura Corporativa Brasileira" de Guilherme Scarante, um Arquiteto com visão em sustentabilidade e bem-estar, dedicado a redefinir a relação entre as pessoas e os espaços urbanos no Brasil.

Sua trajetória é marcada pela pesquisa sobre o impacto do ambiente construído na saúde humana, tema central de seu artigo publicado. Com este trabalho, ele estabelece uma voz crítica e analítica no mercado, focando em como o design biofílico pode ser a chave para construir ambientes corporativos e cidades mais eficientes e humanas. Sua paixão por integrar a natureza o posiciona como uma nova geração de profissionais comprometida com a inovação e o futuro sustentável da arquitetura.